às vezes sem saber por que,
não sei se na esperança de decifrá-las ou se apenas
pelo prazer de mergulhar…”
(Caio Fernando Abreu)
“Mulheres são assim depressivas. Pois transformam simples vontades em necessidades vitais e, diante de uma transitória impossibilidade, distorcem as sensações até torná-las insuportáveis. Uma espécie de TPM zodiacal, algo meio físico, meio metafísico, energético, quem sabe, bioquímico, com certeza, que lhes ataca as idéias, enlouquecendo-as. E, por uns segundos, ela pensa em se jogar na frente de uma Kombi que está vindo.” (Fernanda Young)
Estranha sensação.
Descompasso. Desencontro.
Às vezes a pessoa chega na hora errada,
às vezes você chega na hora errada para ela.
Às vezes a pessoa chega, entra na sua vida
e sai sem pedir licença ou dizer adeus.
Às vezes é você quem faz isso e não diz porque.
Às vezes a pessoa entra na sua vida, mexe, balança,
desarruma tudo e depois coloca tudo no lugar,
como que para apagar seus rastros.
Às vezes você chega, desarruma tudo
e tem preguiça de arrumar depois.
Às vezes você chega um ano, um mês ou um dia adiantado.
E a outra pessoa um ano, uma vida atrasada.
E às vezes parece que a pessoa chega.
Mas ela finge chegar. Ela na verdade não quer.
E você fica pensando que ela chegou e quer.
Às vezes você pode não querer.
Não é o tempo, não é a hora, não tá legal. E ela chega.
Então vem a bagunça.
E nesse vai e vem do tempo
Será que vive-se?
Será que encontram-se?
Será que permitem?
Às vezes você procura a pessoa como um espelho
e ela não reflete a sua imagem.
Às vezes você procura refletir a imagem dela
mas não consegue, ela fica fora de foco.
Às vezes a pessoa se perde, envereda por caminhos
que não estão na sua direção.
Às vezes você não se encontra em caminho algum.
E nesse vai e vem de rumo
Será que vive-se?
Será que encontram-se?
Será que permitem?
Será que caminham?
Pode ser, mas como?